Entenda a importância de conhecer e construir o perfil de solo

A construção de um perfil de solo favorável ao desenvolvimento e aprofundamento do sistema radicular é um dos grandes desafios dos produtores brasileiros. 

Geralmente, os solos tropicais e subtropicais brasileiros são ácidos, com baixa saturação de bases, baixo conteúdo de cálcio e elevada saturação de alumínio nas camadas subsuperficiais, além de um pH ácido.

Observa-se que, por muito tempo, as camadas abaixo dos 20 cm foram negligenciadas na agricultura brasileira. No entanto, o setor deparou-se com a necessidade de minimizar o efeito de déficits hídricos (secas) de curta duração.

Este efeito, frequentemente, ocorre na safra ou safrinha. Ele faz com que se torne necessário que estas camadas sejam exploradas pelas raízes das culturas de interesse econômico como soja, milho, algodão, feijão entre outras, conforme destaca o professor doutor Telmo Amado da Universidade Federal de Santa Maria (RS).

Por isso, quem investe na construção do perfil do solo compartilha de bons resultados. Entretanto, antes de dar qualquer passo, é importante entender a importância e saber quais caminhos seguir durante esta construção.

Mas, o que é perfil do solo?

Antes de nos aprofundarmos mais no assunto e apontar a importância da construção de um perfil do solo, é essencial sabermos exatamente o que é este perfil.

O perfil do solo é formado por diversas camadas horizontais, que recebem o nome de horizontes. Esses horizontes se iniciam logo na camada superficial do solo e se estendem até chegar à camada de rocha. Normalmente, eles se dividem em 6, sendo:

  • Primeiramente, horizonte O (Orgânico): camada orgânica superficial, em decomposição;
  • Horizonte A (Superfície): caracterizado com fragmentos de rocha, matéria orgânica e húmus;
  • Horizonte E (Subsolo): horizonte claro onde encontramos grande quantidade de argila e/ou óxidos de ferro;
  • A terceira chama-se horizonte B (Subsolo): camada mineral com pobreza de matéria orgânica, entretanto, rica em ferro e minerais resistentes, como quartzo;
  • Horizonte C (Mineral): camada pouco ou parcialmente alterada. Nesta, encontramos material inconsolidado de rocha alterada;
  • Por fim, horizonte R (Base Rochosa): rocha matriz, sem alteração, a criadora de todo o solo.

A primeira ferramenta para o produtor iniciar o investimento em sua propriedade pensando na melhora da fertilidade do solo e construção do perfil é a análise do solo, porém esta analise deve ser realizada em diferentes camadas com no mínimo 40cm de profundidade.

Após esta prática, faz toda a diferença garantir a correta leitura e orientações de um engenheiro agrônomo. Inclusive, é importante ter ciência: a análise de solo deve ser realizada em laboratórios credenciados e de confiança.

Os desafios da construção do perfil do solo

Os desafios são grandes, especialmente, sob o sistema de plantio direto. Ou seja, quando os insumos são aplicados em superfície ou na camada superficial, já que os resíduos vegetais também são depositados na superfície (nutrientes de ciclagem).

Existe ocorrência de camadas subsuperficiais compactadas (12 – 17 cm) caracterizadas pela elevada resistência a penetração (>2 MPa), elevada densidade e baixa porosidade e monocultivos associado ao descuido quanto a cobertura e rotação na entressafra.

A formação de um perfil de solo favorável ao enraizamento profundo é um indicador de qualidade de manejo da lavoura. Ou seja, aqueles agricultores que se preocupam e se dedicam a melhoria do solo estão no caminho para alcançar este objetivo. Então, a adoção de práticas específicas com este objetivo terão probabilidade de sucesso.

Por outro lado, se o agricultor tem erosão na sua lavoura, solo compactado, baixo teor de matéria orgânica, baixa infiltração e baixa atividade biológica, o caminho vai ser longo. Neste caso, práticas isoladas terão limitado impacto positivo.

São várias as alternativas para construção de um perfil profundo de enraizamento. Entretanto, cada uma delas apresenta diferentes custos, tempo envolvido e eficiência. As estratégias podem ser combinadas visando uma maior eficiência.

A importância da fertilidade no perfil do solo

As práticas mais comuns hoje no mercado para uma construção da fertilidade em profundidade são a Calagem e Gessagem. Além disso, outra ferramenta apresentada ao mercado é a escarificação ou revolvimento do solo. 

Em todas elas, o custo operacional é alto e com um longo tempo para se chegar a uma fertilidade desejada pensando em uma profundidade de 20 a 40 cm.

Um solo fértil é um solo com grande capacidade de fornecer nutrientes para a planta. Em geral, os solos brasileiros são pobres em nutrientes e ácidos (70% dos solos cultivados tem limitação séria de fertilidade).

Portanto, geralmente, é necessária a aplicação de corretivos e fertilizantes, tomando o cuidado para que sejam aplicados na dosagem correta.

Para alcançar o máximo de fertilidade é preciso conhecer o solo da propriedade, bem como suas peculiaridades e características. Assim, o manejo pode ser muito bem feito e os resultados na lavoura serão satisfatórios. 

Os resultados da agricultura no século XXI estão intimamente relacionados a diversos fatores para que os índices de produção das culturas sejam sempre altos. Um deles é a fertilidade do solo.

Mesmo com estes ganhos em alta escala, o nosso solo é o principal limitador para o crescimento da produtividade, mesmo considerando excelentes materiais genéticos com as melhores tecnologias.

O produtor paga por uma tecnologia, contudo, explorá-la em toda a sua potencialidade, uma vez que a baixa fertilidade e a falta de equilíbrio do solo impedem isso.

Portanto, podemos dizer que melhorando a fertilidade do solo consegue-se aumentar a produtividade. O aumento da produção rural significa mais renda que, por sua vez, melhora a qualidade de vida do produtor rural e a satisfação das suas necessidades, com menos impacto no ambiente.

Pontos importantes para a fertilidade do solo

– 17 elementos químicos são necessários para a nutrição das plantas, sendo 14 deles fornecidos pelo solo. O primeiro papel do solo é de fornecer esses elementos químicos essenciais para que a planta se desenvolva.

– A água é o principal fator limitante de produção máxima, sendo a fertilidade o segundo.

– Cada solo tem uma capacidade diferente de fornecer nutrientes para as plantas em função de suas características químicas, físicas e biológicas.

– O manejo dos nutrientes para o solo é específico para cada tipo de solo e de cultura.

– A análise química do solo é crucial para aprimorar a gestão de fertilidade de solos.

Como a construção do perfil do solo impacta na produção agrícola?

Quando falamos na construção do perfil do solo, falamos em solos de fertilidade construída. Estes, portanto, se diferenciam dos demais pelo seu manejo. Neles, realiza-se aplicações sucessivas de corretivos e fertilizantes.

Com isso, garante-se efeitos residuais cumulativos. Esses efeitos agem no aumento dos teores de macro e micronutrientes para níveis altos ou muito altos. Os solos de fertilidade construída, portanto, contam com características diferenciadas, tais como:

  • altas produtividades das culturas;
  • altos teores de matéria orgânica do solo;
  • solo descompactado;
  • teores adequados de nutrientes;
  • maior retenção e infiltração de água;
  • maior aprofundamento do sistema radicular;
  • maior acesso a água.

Por fim, podemos dizer que o solo de fertilidade construída equivale a uma poupança que precisa ser muito bem administrada, tanto em recebimento quanto em retirada de aplicações.

Essa administração deve ser feita na forma e momento mais apropriado, considerando o sistema produtivo.

Quais as causas de perda de fertilidade do solo?

O esgotamento do solo com a perda de nutrientes é provocado por agentes naturais ou por práticas do homem que são inapropriadas com relação às necessidades da terra e das plantações. Saiba quais são:

Lixiviação

É como se ocorresse uma lavagem dos nutrientes do solo. Isso acontece devido aos desmatamentos, às chuvas intensas ou à soma dos dois. Além disso, pode ocorrer por erro de aplicação de alguns nutrientes, em dosagens erradas ou até mesmo por erro do momento da aplicação.

Esgotamento das áreas de plantio

Práticas agrícolas impróprias são as razões para que o solo perca sua capacidade produtiva. O seu uso contínuo (e para uma só cultura) e a falta (ou o excesso) de correções por meio de adubações podem levar à infertilidade.

Voçorocas

Em regiões onde chove muito, a água abre sulcos largos e extensos no solo. Com isso, ocasiona-se a perda de nutrientes levados, perda de matéria orgânica (MO) e até mesmo sementes de cultivos.

Salinização

Locais com altas temperaturas são propícios a uma evaporação constante. Isso faz com que fique depositada sobre a terra uma camada dura de sais. Além disso, a salinização também ocorre pelo uso indevido, e em excesso, de alguns nutrientes sem a devida recomendação de dosagens agronômicas.

Compactação

A compactação aumenta a densidade do solo, uma vez que reduz a sua porosidade e, por conseguinte, sua permeabilidade. Isso ocorre devido ao atrito ou a pressão contínua gerada pelo trânsito de tratores e máquinas agrícolas pesadas, pelas pisadas do gado ou o manejo do solo em condição de umidade inadequada.

A quantidade de argila presente em cada tipo de solo também pode colaborar para a compactação e dificultar a infiltração de água e nutrientes essenciais para suprir as necessidades dos cultivos.

Acidez

A concentração desequilibrada do potencial de hidrogênio na solução do solo inibe a disponibilidade de alguns nutrientes como o NPK. Com isso, ocorre o desequilíbrio das bases do solo e a presença do alumínio, que intoxica a terra e as plantas.

Redução da atividade microbiana

O uso descontrolado de fertilizantes químicos, pesticidas, inseticidas e herbicidas diminui as colônias de micro-organismos e impede a reciclagem de nutrientes de restos culturais, plantas de cobertura e matéria orgânica.

Principais dificuldades na construção do perfil do solo

Tempo

O tempo necessário para a construção de um perfil do solo favorável ao desenvolvimento e aprofundamento do sistema radicular (estratégia de manejo de médio a longo prazo) pode ser longo. Entretanto, este é necessário e se a caminhada é longa, o primeiro passo é sempre o mais importante.

Custo

Algumas estratégias podem demandar um investimento expressivo dos produtores, como:

  • doses e frequência de fertilizantes e corretivos
  • disponibilidade de sementes de qualidade para a rotação de culturas
  • potência de tratores e aquisição ou recuperação de escarificadores/subsoladores, ou fertilizadoras profundas
  • amostragem de solo de camadas subsuperficiais
  • levantamento do estado da resistência à penetração.

Operacional

Algumas estratégias são demoradas, demandam umidade do solo correta e mão de obra disponível. Inclusive, isso, dependendo da área a ser trabalhada e do tamanho da janela disponível, podem ser limitantes.

Conhecimento ou informação

Existe a necessidade de um volume de pesquisa maior sobre as principais estratégias de diagnóstico, espacialização e melhoria das camadas subsuperficiais visando o entendimento do processo. 

Ainda, por integrar condições de clima, solo e planta faz-se necessário experimentos de maior duração que os tradicionais de 2 a 3 anos. O benefício da construção de um perfil do solo favorável ao aprofundamento do sistema radicular é mais expressivo em anos com déficit hídrico ou situações de estresse nas culturas. 

Neste processo, é importante o resgate da experiência dos agricultores inovadores que já vem investindo e que podem direcionar os esforços da pesquisa e dos consultores/agricultores.

Soluções ajustadas ao tipo de solo e clima

A agricultura é uma das atividades mais influenciadas por condições sítio-específicas. Deve-se respeitar as características do solo quanto à textura, estrutura, profundidade de horizontes, condições químicas iniciais e de clima em relação a distribuição e regularidade da precipitação.

Estrutura fundiária/parcerias/arrendamentos

Práticas que demandam estratégias de médio prazo dependem de uma certa segurança de que a pessoa que fez o investimento terá a oportunidade de colher os frutos da melhoria conquistada.

Então, a qualidade do solo é consequência da adoção de boas práticas de manejo e da análise das suas condições. Assim, como, da aplicação de fertilizantes que conservem e preserve os nutrientes na terra, da consultoria de pessoal capacitado e do respeito ao meio ambiente.

Portanto, para obter a correta construção do perfil do solo, o ideal é contar com, técnicas modernas e profissionais capacitados para essa função. 

Isso porque o conhecimento do perfil do solo é o primeiro passo para garantir o sucesso da lavoura. Portanto, este precisa ser realizado com alta eficácia e precisão.

 

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Ficou com alguma dúvida? Entre em contato conosco e mande sua pergunta. Será um prazer ajudá-lo a garantir maior produtividade e qualidade em sua colheita.

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