As culturas de cobertura ou cobertura verde, são cultivadas principalmente para cobrir o solo, pensando unicamente em incremento de palha e matéria orgânica ao solo dentre outros benefícios. Elas são cultivadas nas entre safras principais e desempenham um papel crucial na promoção da biodiversidade do solo, contribuindo para a construção da fertilidade a longo prazo.
Por mais que as culturas de cobertura não sejam tão rentáveis, é importante considerar que elas contribuem indiretamente para melhora das propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, assim contribuindo para melhoria da fertilidade do solo e assim proporcionando às culturas econômicas maior produtividade.
Culturas de cobertura X Fertilidade do solo: qual a relação?
A utilização de culturas de cobertura pode trazer uma série de benefícios para a fertilidade do solo. Confira os principais:
Ciclagem de nutrientes
Enquanto as culturas de cobertura crescem, absorvem nutrientes do solo necessários ao seu desenvolvimento. Quando essas plantas completam o seu ciclo, dando espaço para as culturas de interesse, estas liberam esses nutrientes de volta ao solo, contribuindo para um suprimento contínuo de elementos essenciais através da decomposição da palha.
Ao cobrir o solo, as culturas de cobertura também ajudam a reduzir a lixiviação de nutrientes, impedindo que eles se percam para as camadas mais profundas do solo ou atinjam as águas subterrâneas. Como resultado, os nutrientes ficam mais acessíveis para as plantas.
Proteção do solo
As culturas de cobertura desempenham um papel fundamental na proteção do solo contra erosão e degradação, proporcionando uma série de benefícios físicos que promovem a saúde do solo. Ao cobrir a superfície do solo, as plantas de cobertura ajudam a evitar a exposição direta às forças erosivas da água e do vento, estabilizando o solo e formando uma barreira protetora contra a erosão.
Esse benefício é particularmente interessante em áreas propensas a fortes chuvas, já que a presença de culturas de cobertura reduz significativamente o fluxo de água superficial e previne a perda de camadas férteis do solo.
Melhoria da estrutura do solo
As raízes das culturas de cobertura desempenham um papel vital na promoção da estabilidade do solo, penetrando profundamente e criando uma rede intrincada de canais. Essa ação favorece a formação de agregados e ajuda a criar uma estrutura mais coesa e resistente.
Além disso, essa rede de raízes contribui para a aeração do solo, facilitando a entrada de ar e melhorando as condições para a atividade microbiana. A estrutura do solo aprimorada reduz a erosão e a perda de solo, favorece a infiltração da água, previne o escorrimento da água superficial e contribui para uma gestão eficiente da água no ambiente agrícola.
Fixação de nitrogênio
As culturas de cobertura, em particular as leguminosas, têm a capacidade de estabelecer uma simbiose com bactérias específicas, conhecidas como rizóbios, que residem em seus nódulos radiculares. Essa simbiose permite que as leguminosas convertam o nitrogênio atmosférico em uma forma que as plantas podem utilizar, contribuindo para o enriquecimento do solo com esse nutriente essencial.
A fixação biológica de nitrogênio oferece uma fonte natural e sustentável de nutrientes para as plantas, reduzindo a dependência de fertilizantes nitrogenados sintéticos, que muitas vezes têm impactos ambientais negativos.
Aumento da matéria orgânica
À medida que as plantas de cobertura se decompõem, liberam compostos orgânicos no solo, enriquecendo-o com matéria orgânica. Esse processo alimenta uma comunidade diversificada de microrganismos benéficos, como bactérias e fungos decompositores, que desempenham papéis fundamentais na ciclagem de nutrientes e na melhoria da estrutura do solo.
A presença de matéria orgânica no solo promove, ainda, uma maior retenção de água, auxiliando na resistência do solo à seca e na manutenção de um ambiente propício para o crescimento das plantas. A contribuição das culturas de cobertura para o acúmulo de matéria orgânica também está alinhada com os princípios da agricultura regenerativa, onde a prioridade é restaurar e promover a saúde do solo.
Quais são as melhores culturas de cobertura?
Segundo a Embrapa, as culturas de cobertura mais apropriadas devem apresentar algumas características específicas, como:
- Ser de fácil estabelecimento;
- Apresentar crescimento rápido;
- Proporcionar boa cobertura do solo;
- Apresentar sistema radicular vigoroso e profundo;
- Não ser hospedeira preferencial de doenças, pragas e nematoides;
- Produzir matéria seca em quantidade suficiente para a semeadura direta;
- Permitir a colheita de grãos ou o pastejo animal no período de entressafra.
Muitos agricultores optam por plantar diferentes culturas de cobertura com base em suas estruturas radiculares. Coberturas com raízes mais largas – como colza e favas – ajudam a evitar o escoamento e a erosão do solo.
Por outro lado, aquelas com estruturas de raízes mais estreitas e longas – como aveia e rabanete – ajudam a aeração, enquanto coberturas com raízes mais leves – como mal e ervilha de inverno – auxiliam na filtragem da água.
Assim também muitos optam pela escolha de mix de sementes distribuindo diversos tipos de plantas de cobertura selecionadas, podendo se pensar na cultura de grãos subsequente para que possa disponibilizar alguns nutrientes em específicos mais demandados através da ciclagem de nutrientes.
Cevada, aveia, centeio, triticale, trigo, trigo sarraceno, mostarda, brássicas e rabanetes também são muito usadas como culturas de cobertura. Essas plantas ajudam a coletar nutrientes no final da estação de crescimento, reduzindo a lixiviação e perda nutricional, além disso algumas delas possuem grau de interesse econômico na produção de grão que pode ser colhido e comercializado ao final do seu ciclo.
Cuidados com adubação de culturas de cobertura
Embora as culturas de cobertura sejam frequentemente plantadas para melhorar a saúde do solo e a ciclagem de nutrientes, a necessidade de adubação específica depende de vários fatores, incluindo o tipo de cultura de cobertura, as condições do solo e os objetivos agrícolas.
A prática de adubar as culturas de cobertura também pode ser útil quando o objetivo é maximizar sua biomassa e, consequentemente, sua capacidade de contribuir para a matéria orgânica do solo. A adubação equilibrada pode acelerar o crescimento das plantas de cobertura, resultando em uma maior quantidade de resíduos vegetais para incorporação no solo após sua decomposição, além de promover a adubação de sistemas contribuindo assim para o próximo cultivo da safra de verão.
As práticas para aplicação dos fertilizantes para as culturas de inverno podem ser realizadas junto às semeadoras ou a lanços antes do plantio das culturas de cobertura, pois essa prática pode impulsionar seu desenvolvimento inicial, favorecendo a absorção de nutrientes. Além disso, monitorar os níveis de nutrientes no solo regularmente é essencial para ajustar as práticas de adubação de acordo com as necessidades específicas das plantas.
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